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O que há por trás das drogas recreativas mais usadas na Espanha

O que há por trás das drogas recreativas mais usadas na Espanha

A cena é repetida: luzes pulsantes, corpos em movimento, sorrisos dilatados. No coração da noite, em meio à promessa de prazer e liberdade, um tanto mais se esconde, invisível, mas potente. 

É nesse universo que a organização Energy Control, da Espanha, mergulhou ao estudar mais de 16 milénio amostras de MDMA, cocaína e tusi (ou tusibí, também conhecida uma vez que “cocaína rosa”) entre 2017 e 2024. O que se revelou é mais do que uma lista técnica de substâncias: é um retrato de um tempo em que o hedonismo convive com o risco, muitas vezes sem que os próprios usuários saibam exatamente o que consomem.

O terceiro relatório da série traz dados que podem parecer distantes em um primeiro olhar, mas que tocam de perto quem está nas pistas, nas ruas ou em procura de conforto em alguma sarau. Com um tom sensível e orientado à redução de danos, o estudo alerta: a pureza aumentou, a previsibilidade diminuiu, e a informação continua sendo a principal aliada de quem não quer se machucar.

MDMA: prazer em subida voltagem

Entre os dados mais marcantes está a pureza do MDMA. A substância, muito geral em festas e festivais, manteve níveis elevados de concentração, mormente em sua forma cristalina, uma média de 82%. Mas o que acendeu o alerta foi a concentração encontrada em comprimidos: em 2024, 72,5% continham mais de 150 mg da substância, uma quantidade considerada subida pela Trans-European Drug Information (TEDI).

Embora a adulteração universal ainda seja considerada baixa, o estudo identificou um incremento no uso de catinonas sintéticas uma vez que adulterantes, substâncias que podem provocar efeitos mais imprevisíveis e arriscados. O oferecido reforça uma incongruência cada vez mais presente: ainda que as drogas estejam mais “puras”, isso não significa que estejam mais seguras.

Cocaína: o retorno de um velho publicado

No caso da cocaína, a pureza também segue em escalada. Desde 2014, a substância vem apresentando aumento regular, alcançando em 2024 os maiores índices já registrados pelo Energy Control. Ao mesmo tempo, a quantidade de amostras adulteradas caiu, mas isso não significa exiguidade de risco.

Substâncias uma vez que cafeína, fenacetina (um analgésico proibido em diversos países) e levamisol (usado uma vez que antiparasitário veterinário) ainda são usadas para “substanciar” ou manipular o resultado. A prática pode exacerbar efeitos colaterais e riscos à saúde, sobretudo quando combinada à falta de conhecimento sobre a real constituição do que se consome.

Tusi: a mistura camaleônica que engana pelo nome

Talvez o cenário mais inquietante seja o da tusi, apelidada erroneamente de “cocaína rosa”. A sentença, rejeitada pelo próprio relatório, mascara a veras: não se trata de cocaína, mas de uma mistura volátil, muitas vezes sem qualquer traço da substância original.

Entre 2020 e 2024, o que se viu foi uma oscilação intensa na constituição: MDMA, cafeína e cetamina aparecem com frequência, com destaque para essa última. Em 2024, a média de concentração de cetamina chegou a 48,3%, o que acende alertas sobre riscos uma vez que dissociação, desorientação e até mesmo episódios psicóticos. A tusi, portanto, representa uma espécie de roleta química, onde cada ração pode ser uma surpresa, nem sempre aprazível, nem sempre segura.

O papel da informação em tempos de incerteza

Para além dos números e das substâncias, o relatório da Energy Control reforça um princípio fundamental: a informação salva vidas. O monitoramento contínuo, coligado ao aconselhamento direto com usuários, é uma das estratégias mais eficazes para a redução de danos em contextos de uso recreativo.

A iniciativa, apoiada parcialmente pelo Projecto Vernáculo de Drogas da Espanha, serve de exemplo para outros países, inclusive o Brasil, sobre a valor de olhar para o consumo de substâncias com responsabilidade, empatia e realismo. Fingir que o uso não existe somente afasta os usuários de espaços seguros. O caminho mais eficiente passa pelo chegada a dados confiáveis, testagens acessíveis e políticas que cuidem, em vez de punir.
 

Com informações de Cañamo. 

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