Um dos maiores estudos genéticos já publicados sobre Cannabis e transtornos mentais acaba de ser divulgado pela revista Nature Mental Health, em junho de 2025 (1). A pergunta que norteia a pesquisa é simples, mas provocadora: será que a Cannabis justificação depressão, esquizofrenia ou transtornos de impaciência? Ou será que pessoas com predisposição genética a esses quadros acabam recorrendo à Cannabis uma vez que tentativa de regulação emocional? A resposta, uma vez que sempre, não é binária. Mas a ciência começa a esclarecer caminhos importantes para quem atua com récipe.
Uso pontual versus sujeição
O estudo analisou dados genéticos de centenas de milhares de indivíduos, provenientes de grandes biobancos internacionais uma vez que UK Biobank, FinnGen e iPSYCH. O objetivo era confrontar dois traços: o uso de Cannabis ao longo da vida — mesmo que pontual — e o transtorno por uso de Cannabis (cannabis use disorder, ou CanUD), exigência clínica caracterizada por uso compulsivo, persistente e com prejuízo funcional. Com base em critérios diagnósticos do DSM, foram considerados indivíduos com sinais uma vez que fissura intensa (craving), jejum, tolerância, tentativas frustradas de parar de usar e impactos na saúde ou nos relacionamentos (2,3).
Risco de sujeição: contexto e conferência
Os dados mostram que muro de 9% a 10% das pessoas que já usaram Cannabis alguma vez na vida podem desenvolver sujeição (4). Esse número sobe para 17% entre quem começa o uso na juvenilidade e pode ultrapassar 25% a 30% entre usuários diários, principalmente sem supervisão clínica (5). Para contextualizar: o risco de sujeição ao álcool gira em torno de 15%, enquanto os benzodiazepínicos — uma vez que o clonazepam — apresentam risco de sujeição de até 30% em uso prolongado (6,7). Ou seja, o potencial de sujeição da Cannabis está longe de ser desprezível, mas também não é o mais sobranceiro entre as substâncias de uso generalidade.
Contribuições genéticas do estudo
A grande taxa do estudo de 2025 está em mostrar que o transtorno por uso de Cannabis tem um perfil genético bastante egrégio do uso ocasional. Por meio de técnicas uma vez que interdependência genética global e lugar, colocalização de variantes e randomização mendeliana, os pesquisadores demonstraram que CanUD compartilha variantes genéticas com diversos transtornos mentais — principalmente TDAH, depressão maior, PTSD e esquizofrenia (1). A associação foi estatisticamente robusta e bidirecional: tanto a sujeição de Cannabis pode aumentar o risco desses transtornos, quanto esses transtornos podem predispor ao uso problemático da vegetal.
Padrões genéticos diferentes entre uso e sujeição
Já o uso de Cannabis sem sujeição mostrou um padrão muito dissemelhante. Em universal, esteve associado a traços de personalidade uma vez que franqueza à experiência — que incluem curiosidade, originalidade e procura por novidade — mas sem indicar risco direto para doenças mentais (1,8). A única exceção parcial foi o TDAH, cuja associação com o uso foi moderada, mas ainda assim mais presente entre pessoas com diagnóstico anterior.
Por que essa diferenciação é forçoso
Essa diferenciação é fundamental do ponto de vista médico. Não se pode colocar na mesma categoria o tipo que experimenta ou faz uso pontual de Cannabis e aquele que desenvolve um padrão de uso desregulado, frequente, com prejuízo funcional. São perfis distintos, com determinantes diferentes e riscos diferentes. A generalização — seja na direção da criminalização, seja na da romantização — falta em reconhecer as nuances do uso humano da vegetal.
Genética uma vez que alerta, não sentença
Do ponto de vista genético, a principal mensagem do estudo é que a sujeição de Cannabis compartilha caminhos biológicos com transtornos mentais graves. E, portanto, a Cannabis não é justificação única, mas pode ser um gatilho em pessoas com predisposição. A vulnerabilidade genética, associada a fatores uma vez que início precoce, sofrimento psíquico não escoltado, uso sem controle de ração ou potência, pode sim proporcionar desfechos negativos. Isso não invalida seu uso terapêutico — mas reforça a prestígio de que esse uso seja estruturado, escoltado e contextualizado.
CBD no tratamento da própria sujeição
Um exemplo interessante vem de uma revisão publicada em 2022, que avaliou o uso de canabinoides no tratamento da própria sujeição de Cannabis (9). Embora o uso de THC sintético tenha se mostrado aventuroso, principalmente em adolescentes, o canabidiol (CBD) demonstrou efeitos positivos na redução de sintomas de jejum, craving, impaciência e prejuízos cognitivos, com subida tolerabilidade. Os autores defendem que intervenções com CBD — associadas a estratégias psicossociais — podem ser alternativas seguras e promissoras para indivíduos jovens com uso problemático, principalmente quando o objetivo é redução de danos e não jejum imediata.
Récipe estruturada e acompanhada
A genética não determina o tramontana, mas revela pontos de atenção. Porquê mostra a literatura, o uso terapêutico da Cannabis pode ser proveitoso em quadros de dor crônica, distúrbios do sono, impaciência e estresse pós-traumático, desde que muito indicado e escoltado (10–12). O risco está, uma vez que sempre, na exiguidade de desvelo. Não é a vegetal que adoece — é a falta de escuta, de rastreamento de risco, de supervisão clínica e de seguimento longitudinal.
THC: risco e favor coexistem
É importante realçar que, entre os fitocanabinoides da vegetal, o Δ9THC é o único que apresenta potencial de sujeição reconhecido. Sua ação agonista nos receptores CB1 eleva a dopamina no sistema de recompensa, favorecendo o desenvolvimento de fissura e tolerância, principalmente com produtos de subida potência (≥ 10–20 % Δ9THC), uso frequente e início na juvenilidade. Porém, é justamente o Δ9THC que confere propriedades terapêuticas únicas: é eficiente uma vez que antiemético em quimioterapia, excitante de gosto em caquexia do HIV/SIDA, relaxante muscular e analgésico em esclerose múltipla, além de facilitar na espasticidade. Isso reforça a urgência de estabilidade e transparência na récipe: saber que o risco existe, mas reconhecer também que, quando muito indicado, o Δ9THC pode ser o elemento-chave do efeito terapêutico (13).
Escuta clínica: o papel do profissional prescritor
Por isso, o papel do profissional prescritor é, antes de tudo, de estudo cuidadosa do contexto. Quem é esse tipo? Qual seu histórico familiar? Há sintomas psiquiátricos ativos? Já houve tentativas de automedicação? O uso da Cannabis é segmento de um projecto terapêutico ou uma tentativa de consolação instintivo? O desvelo com o sistema endocanabinoide exige esse olhar integral, que vá além do sintoma e busque compreender o organização em sua complicação.
A pergunta certa: para quem, uma vez que e com que suporte?
Mais do que discutir se a Cannabis faz muito ou mal, precisamos perguntar: para quem, em que ração, com qual suporte e com qual objetivo terapêutico. A resposta não está na substância isolada, mas na forma uma vez que ela se insere na vida de cada tipo. E, principalmente, no tipo de vínculo médico que se estabelece entre récipe, escuta e seguimento.
Compromisso com a récipe consciente
A ciência avança, e com ela, nosso compromisso com a récipe consciente também precisa evoluir. Porque a Cannabis pode ser remédio, mas também pode ser fuga. Cabe a nós ajudar cada pessoa a trilhar um caminho terapêutico seguro, respeitoso e fundamentado em evidências.
Referências
1. Galimberti, M., Overstreet, C., Gupta, P. et al. The genetic relationship between cannabis
use disorder, cannabis use and psychiatric disorders. Nat. Mental Health 3, 700–708 (2025).
https://doi.org/10.1038/s44220-025-00440-4
2. American Psychiatric Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders.
5th ed. Washington, DC: APA; 2013. https://doi.org/10.1176/appi.books.9780890425596
3. Hasin DS, Kerridge BT, Saha TD, Huang B, Pickering R, Smith SM, Jung J, Zhang H, Grant
BF. Prevalence and Correlates of DSM-5 Cannabis Use Disorder, 2012-2013: Findings from
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2016 Jun 1;173(6):588-99. doi: 10.1176/appi.ajp.2015.15070907. Epub 2016 Mar 4. PMID:
26940807; PMCID: PMC5026387.
4. Lopez-Quintero C, Pérez de los Cobos J, Hasin DS, Okuda M, Wang S, Grant BF, Blanco C.
Probability and predictors of transition from first use to dependence on nicotine, alcohol,
cannabis, and cocaine: results of the National Epidemiologic Survey on Alcohol and Related
Conditions (NESARC). Drug Alcohol Depend. 2011 May 1;115(1-2):120-30. doi: 10.1016/
j.drugalcdep.2010.11.004. Epub 2010 Dec 8. PMID: 21145178; PMCID: PMC3069146.
5. Volkow ND, Baler RD, Compton WM, Weiss SR. Adverse health effects of marijuana use.
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24897085; PMCID: PMC4827335.
6. NIDA. 2020, July 6. Preface. Retrieved from https://nida.nih.gov/research-topics/addiction-
science/drugs-brain-behavior-science-of-addiction on 2025, June 21.
7. Lembke A, Papac J, Humphreys K. Our Other Prescription Drug Problem. N Engl J Med.
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8. Power RA, Verweij KJ, Zuhair M, Montgomery GW, Henders AK, Heath AC, Madden PA,
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9. Rømer Thomsen K, Thylstrup B, Kenyon EA, Lees R, Baandrup L, Feldstein Ewing SW,
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j.neubiorev.2021.11.033. Epub 2021 Nov 22. PMID: 34822876; PMCID: PMC11577263.
10. White CM. A Review of Human Studies Assessing Cannabidiol’s (CBD) Therapeutic
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11. Walsh Z, Gonzalez R, Crosby K, S Thiessen M, Carroll C, Bonn-Miller MO. Medical
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12. Shannon S, Lewis N, Lee H, Hughes S. Cannabidiol in Anxiety and Sleep: A Large Case
Series. Perm J. 2019;23:18-041. doi: 10.7812/TPP/18-041. PMID: 30624194; PMCID:
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13. National Academies of Sciences, Engineering, and Medicine; Health and Medicine Division;
Board on Population Health and Public Health Practice; Committee on the Health Effects of
Marijuana: An Evidence Review and Research Agenda. The Health Effects of Cannabis and
Cannabinoids: The Current State of Evidence and Recommendations for Research.
Washington (DC): National Academies Press (US); 2017 Jan 12. PMID: 28182367
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