Em um quina tranquilo do bairro Santa Maria, em São Caetano do Sul (ABC Paulista), onde a cidade parece respirar com um pouco mais de calma, um prédio recém-construído carrega dentro de si mais do que concreto, tijolos e promessas: ele guarda a semente de um novo olhar para a dor, a esperança e o desvelo.
Ali, na Parque Conde de Porto Jubiloso, nasce o porvir Núcleo de Restauração e Neurodesenvolvimento da cidade. O espaço, que oferecerá atendimentos nas áreas de restauração física, visual, auditiva e intelectual, guarda uma inovação silenciosa e revolucionária: a primeira sala pública de tratamento com canabidiol da cidade.
“Teremos neste prédio a primeira sala de tratamento de canabidiol”, anunciou com exaltação o prefeito Tite Campanella (PL), durante uma visitante ao lugar nesta terça-feira (3). O proclamação marca um passo quebradiço, porém firme, rumo a políticas públicas de saúde mais integrativas e sensíveis às necessidades da população.
A proposta é clara: oferecer gratuitamente o tratamento com cannabis medicinal para moradores com receita médica, mormente em casos de doenças neurológicas, uma vez que epilepsia refratária e dores crônicas, condições que, muitas vezes, aprisionam famílias em uma rotina de tentativas frustradas, remédios pesados e poucas respostas.
Ainda faltam os últimos detalhes: instalação de equipamentos e mobiliário. Mas o coração do projeto já bate em parceria com a USCS (Universidade Municipal de São Caetano), que soma esforços com a Prefeitura para a formação, orientação e comitiva dos profissionais.
A secretária de Saúde, Adriana Berringer, fez questão de agradecer publicamente ao reitor Leandro Prearo e ao neurologista Rubens Wajnsztejn, professor convidado da instituição. “Essa conquista também é de vocês”, declarou.
A iniciativa dialoga com outras experiências no próprio ABC Paulista, uma vez que a clínica pública de Ribeirão Pires, a primeira do Brasil a oferecer cannabis medicinal de produção vernáculo, no qual entrevistamos o prefeito Guto Volpi (PL) sobre a cidade ser uma pioneira no atendimento individual aos moradores.
Agora, São Caetano se junta a esse movimento, com os olhos voltados para a ciência, a empatia e o bem-estar das pessoas. Quando o ambulatório furar as portas, abrirá também novos caminhos: para mães que lutam por noites de sono sem convulsões, para idosos que desejam dias com menos dor, para crianças que precisam de menos rigidez e mais possibilidades.
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