Limite de THC em cânhamo preocupa fazendeiros e associações

Proposta de limite de 0,3% de THC no cultivo de cânhamo no Brasil gera tensão entre agricultores e ativistas. Entenda os riscos e o impacto da medida.

Cânhamo industrial desponta no horizonte sob o firmamento azul
Depois anos de expectativa, o Brasil está prestes a dar um passo decisivo rumo à regulamentação do cultivo de cânhamo — uma variedade da cannabis com baixas concentrações de THC (Tetrahidrocanabinol).
A proposta, que pode entrar em vigor já em setembro, promete aquecer o agronegócio, mas também acende um sinal de alerta entre fazendeiros e associações do setor.
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O ponto medial da controvérsia é o limite de 0,3% de THC, estabelecido uma vez que referência pela Anvisa e que deverá ser adotado pelo Ministério da Lavradio na regulamentação solene.
Embora esse índice seja geral em legislações internacionais, uma vez que nos Estados Unidos e na União Europeia, especialistas afirmam que ele pode simbolizar um tropeço técnico e econômico para a produção pátrio.

Palestra “Cultivo de cannabis no Brasil: Modalidades, desafios e custos de produção”, com Robson Ribeiro, Rafael Redwood, Ricardo Hazin e Pedro Sabaciauskis, durante o CBCM 2025
Durante o Congresso Brasílico da Cannabis Medicinal (CBCM) 2025, realizado na última sexta-feira (23), o debate esquentou entre produtores e representantes de associações, revelando uma separação entre o otimismo com a buraco do mercado e o receio de um provável fracasso em larga graduação.
“Leis apressadas podem ser uma embuste”, alerta CEO da USAHemp
Um dos principais nomes presentes no congresso foi Rafael Redwood, CEO da norte-americana USAHemp. Para ele, o cenário brasílio repete padrões problemáticos já vivenciados em outros países:
“Está acontecendo tão rápido, mas as leis podem permanecer uma bagunça. Uma vez que o Brasil tem climas tão diferentes, acho que vamos ter dificuldades em encontrar genéticas que vão dar claro cá, dentro dos limites da lei.”
RedWood prevê que, caso a regulação não ligeiro em conta essas variações, até 90% das fazendas de cânhamo podem falir, uma vez que ocorreu em estados norte-americanos que seguiram parâmetros rígidos de THC sem considerar o impacto climatológico nas vegetais.

Rafael Redwood dá entrevista à Cannalize
Outro ponto crítico, segundo ele, é a forma uma vez que o limite será testado:
“Vai depender de uma vez que eles interpretarão o 0,3%, além de quando testar a colheita, antes ou depois… porque isso impacta muito o resultado.”
Apesar das críticas, RedWood vê um caminho positivo, desde que o país invista em pesquisa e estrutura para mourejar com os desafios de produção:
“Queremos crescer no Brasil através da pesquisa. Enquanto todos estão focados no cultivo, queremos estar um passo adiante: uma vez que dar conta do volume de produção e manter a relação oferta/demanda em estabilidade.”
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Santa Cannabis: “Limite de THC prejudica pacientes e favorece o mercado proibido”

Pedro Sabaciauskis dá entrevista à Cannalize
Para o ativista Pedro Sabaciauskis, fundador da Associação Santa Cannabis, a discussão vai além do agronegócio e atinge diretamente os pacientes medicinais que precisam do THC em níveis terapêuticos. Ele considera o limite de 0,3% “super limitante”:
“Quando você bota um limite de 0,3% de THC, você limita o tratamento. Impede que pessoas com doenças que precisam de THC tenham entrada, e elas vão recorrer ao mercado proibido, porque quem tem dor vai passar por cima de qualquer regra em favor da saúde.”
Sabaciauskis defende uma lei mais oportunidade e voltada para a pesquisa de novos canabinoides, uma vez que forma de colocar o Brasil na vanguarda do mercado global:
“O mundo errou lá detrás quando regulamentou só o CBD. A gente tem a chance agora de ser uma inovação no jogo mundial da cannabis, fazendo uma lei que não limita, que pesquisa e descobre novos canabinoides.”
“Vamos fazer uma lei mais oportunidade, pensando não só em resolver o nosso problema, mas o problema do mundo. O Brasil tem capacidade de ser um grande vendedor global.”
Caminho promissor ou tiro no pé?
A regulamentação do cultivo de cânhamo no Brasil representa um divisor de águas. Por um lado, há um mercado potencial de bilhões e oportunidades reais para o agronegócio e a indústria de biotecnologia. Por outro, o risco de uma legislação mal calibrada pode desestimular investimentos, gerar instabilidade jurídica e prejudicar tanto produtores quanto pacientes.
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A decisão do Ministério da Lavradio nos próximos meses será determinante. Se o Brasil conseguir lastrar segurança, flexibilidade e inovação, pode ocupar um espaço de destaque no mercado global. Mas, para isso, será preciso ouvir os diferentes setores envolvidos e apostar em políticas públicas baseadas na ciência, e não unicamente no controle.
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