Anita Krepp | Cannabis na farmácia é mais honesta que a importada

Anita Krepp | Cannabis na farmácia é mais honesta que a importada

Pesquisa com 105 marcas de CBD vendidas no Brasil mostrou que rotulagem dos produtos comprados na farmácia é muito mais clara que dos importados

Comprar maconha no balcão da farmácia não só já é provável, uma vez que também parece ser a maneira mais transparente de consumir esse tipo de resultado cá no Brasil, ou pelo menos foi isso o que mostrou uma pesquisa inédita (PDF – 1 MB) sobre a qualidade da rotulagem da cannabis vendida em território vernáculo, considerando marcas encontradas nas farmácias ou via importação. Os subprodutos comercializados pelas associações de pacientes não foram considerados na pesquisa. 

Segundo os pesquisadores, a maior transparência nas informações contidas nos rótulos dos produtos comercializados nas farmácias se dá por eles terem um pouco mais de controle por segmento da Anvisa, que exige dos produtos da RDC 327 a inclusão de uma bula, com instruções e informações básicas com alguma padronização.

Diferentemente desses, os importados pela RDC 660 não estão obrigados a ter tais informações, expondo uma fragilidade notável na gênese da regulação brasileira, que não exige que os fabricantes expliquem aos consumidores e prescritores o que está sendo consumido.

O estudo –inédito–, que analisou 105 marcas com base em 45 critérios, foi liderado pela pesquisadora e professora da UnB Andreia Galassi em conjunto com os pesquisadores André Wagner Roble de Oliveira, Renato Filev e Eduardo Yoshio Nakano. 

“O mercado mundial é absolutamente desregulado. Temos uma clara evidência de que, apesar das exigências que a Anvisa faz, ela não consegue controlar a qualidade da rotulagem dos produtos à base de canabidiol e não garante a qualidade dos produtos disponíveis no mercado”, explica a pesquisadora, que tem por objetivo jogar luz para essa questão, considerando os produtos usados no Brasil.

QUEREM CONTROLAR, MAS SÃO TODOS DESCONTROLADOS

Os critérios analisados foram pensados com base em medicamentos de uso controlado (considerando que, no Brasil, o CBD foi categorizado pela Anvisa uma vez que substância controlada) e divididos por 4 domínios: receita, boas práticas de fabricação (BPF), testes laboratoriais e segurança de uso, que receberam pesos de 1 a 3, conforme a relevância para a segurança dos usuários e prescritores. 

Cada CBD foi estimado a partir das informações públicas fornecidas pelos fabricantes/representantes dos produtos em sites e consultas por e-mail –e, pasmem: só 40% dos produtos tinham CoA –um certificado de estudo que atesta a qualidade e a formação de produtos à base de cannabis, que é emitido por laboratórios independentes. 

A grande maioria das marcas simplesmente ignorou o contato dos pesquisadores que, ao não encontrar todas as informações necessárias no rótulo, pediram informações complementares, que poderiam fazer aumentar o seu score no ranking.

Iniciado em 2022, o estudo acabou de ser publicado no Journal of Cannabis Research, periódico internacional especializado nos avanços científicos da cannabis no mundo, e contou com esteio da WeCann Academy (meio de formação em medicina endocanabinoide), que financiou duas bolsas de estudo da equipe de pesquisadores. 

A instituição de ensino decidiu unir-se ao estudo motivada por uma das principais queixas que recebe dos prescritores em relação à eficiência do canabidiol, que, segundo eles, varia de lote para lote –o que faz com que ora os pacientes respondam muito ao medicamento, ora não– alguma coisa inadmissível se, de vestuário, pretendemos que a terapia da cannabis seja adotada uma vez que referência e 1ª opção por médicos e demais prescritores.

PRÓXIMA FASE É ESTUDO CLÍNICO

De repente, todo mundo começou a tomar gotinhas de CBD, já reparou? No entanto, pouca gente realmente sabe o que está tomando. O aumento da demanda por subprodutos de maconha para fins medicinais no mundo e, em próprio, no Brasil, acelera a premência de padronização do controle de qualidade dos produtos, começando pelas informações disponibilizadas aos consumidores nos rótulos e bulas.

Entre os 105 produtos avaliados, só 19 tiveram pontuação considerada muito satisfatória; 47 deles foram classificados uma vez que satisfatório e 39 uma vez que pouco satisfatório, em uma tábua cuja pontuação mais subida alcançou 68 de 100 pontos, e a mais baixa, 8.

Somente observando o enorme gap de pontuação entre as marcas e a intervalo de todas da pontuação máxima, fica clara a premência urgente de debatermos a qualidade não só da rotulagem, mas também da formação do CBD, que é amplamente comercializado no Brasil.

Determinar a rotulagem foi só o 1º passo de Galassi e sua equipe, que preparam agora uma 2ª pesquisa, focada, desta vez, em medir se a formação dos frascos de cannabis é leal às informações contidas no rótulo. Para essa próxima período, no entanto, o objeto de estudo serão as associações de pacientes, que hoje, segundo dados da empresa de estudo de dados Kaya Mind, fornecem insumos para o tratamento de 22% do totalidade de pacientes de cannabis do país.

Junto com a pesquisa, também será feita uma consultoria com essas associações, com o intuito de melhorar processos –que, em muitos casos, ainda são precários– e provar que podem ser produtos seguros, principalmente em confrontação aos produtos desenvolvidos pela indústria farmacêutica. “A gente fala, sim, que precisa ter qualidade, mas não necessariamente para isso você precisa ter um parque tecnológico por trás”, diz a pesquisadora.



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